Em 1987, a DC resolveu reformular vários de seus personagens, no pós-crise, colocando Frank Miller, que se voluntariou para o trabalho, para contar a origem do Cavaleiro das Trevas e David Mazzucchelli, para desenhá-la. E esse seu trabalho à frente do Batman, não é só considerado como a origem definitiva do personagem, como também, um dos maiores clássicos dos quadrinhos de todos os tempos.
Nessa história, temos os dois protagonistas Bruce Wayne e o Gordon (ainda como tenente), ambos chegando a Gotham e se deparando com uma cidade que está em um completo caos. A cidade é toda suja, perigosa e com policiais corruptos. E com essa visão, teremos esses dois personagens fazendo de tudo para tentar remediar essa situação de Gotham.
Todos os acontecimentos são contados dentro de um período de 12 meses, colocando um vigilante combatendo o crime fora do sistema e um dos únicos policias não-corruptos combatendo o crime dentro do sistema. E mesmo com trajetórias diferentes, vemos suas histórias se cruzarem, até o ponto em que eles percebem que precisam um do outro.
Diferentemente de muitas das histórias do Batman, aqui não temos um homem morcego super preparado, que sempre tem um plano e sempre está a um passo à frente dos outros. Aqui ele é falho, inexperiente e a cada noite vai melhorando nesse novo trabalho como vigilante. Em dada situação ele até fala pra si mesmo: “Sorte de principiante”.
E apesar de ser um história do Batman, na verdade o grande protagonista dela é o Tenente Gordon. Que como dito antes, é um único policial honesto em meio a toda polícia corrupta de Gotham. E que apesar de ser um policial muito correto, ele é um ser humano falho, pois vemos ele passar por vários problemas, entre eles seu o medo de criar uma filha em Gotham, e o seu relacionamento com a sargento Essen escondido de sua esposa Barbara Kean.
Aqui também temos a aparição recorrente de alguns personagens como Harvey Dent, ajudando o Batman em alguns casos, Carmine “Romano” Falcone, fazendo uma parceria com o corrupto Comissário Loeb, e Selina Kyle, inicialmente com um prostituta, mas terminando com o manto da Mulher Gato.
Frank Miller estava no auge da sua carreira quando escreveu essa história, tendo acabado de passar pela aclamadíssima fase do Demolidor e por criar Batman: O Cavaleiro das Trevas, sua maior obra até hoje. E em Batman: Ano Um ele fez a origem definitiva do Homem Morcego. Dando um tom perfeito para a história e conseguindo contá-la de um jeito bem pé no chão e bem verossímil.
David Mazzucchelli também no seu auge, conseguiu com seus desenhos fazer você perceber a aflição dos personagens com as situações. Fez você sentir o perigo pelo Batman, coisa que nas histórias mais atuais você dificilmente sente. Ele já havia feito uma parceria com o Miller, no Demolidor, e agora já totalmente entrosados, vemos que a dupla deu muito certo de novo.
Não podemos esquecer da colorista e esposa de Mazzucchelli, Richmond Lewis, que fez um trabalho fenomenal. Mesmo a história sendo bem dark, ela soube muito bem como e quando utilizar as cores frias e quentes em momentos de destaque. Como quando o Bruce Wayne passa na rua onde têm prostitutas, é quase tudo rosa, ou quando o Batman está no prédio em chamas, fica tudo vermelho.
Concluindo, essa não é só uma grade história do Batman, mas também é uma das maiores no que diz respeito a quadrinhos de super heróis. Poucos heróis de quadrinhos, tem uma origem tão definitiva como o Batman tem. Ou seja, essa HQ é fundamental para qualquer leitor de quadrinhos e indispensável para qualquer colecionador. E de bônus, eu recomendo muito a excelente animação, de mesmo nome, que adapta essa história.
